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Engenheiro, qual a melhor forma de contratar: Empreitada ou administração?

4 min de leitura · Atualizado em 13/05/2025 · Palavras-chave: contratar, engenheiro

Se você está planejando construir, reformar ou ampliar um imóvel, uma das decisões mais importantes será a forma de contratação do engenheiro responsável pela obra. No Brasil, existem duas modalidades principais: empreitada global e administração geral.

Cada modelo tem suas vantagens e desvantagens, e a escolha ideal depende do seu perfil, do tipo de obra e do nível de controle que você deseja ter sobre os custos e decisões.

A seguir, explicamos como funciona cada modelo, seus prós e contras, e em quais casos cada um é mais utilizado — incluindo um ponto muitas vezes esquecido: o impacto tributário de cada modelo.


1. Empreitada Global: a praticidade com preço fechado

Na empreitada global, o engenheiro ou construtora assume a responsabilidade pela execução completa da obra por um valor previamente acordado. Esse valor cobre todos os custos de materiais, mão de obra, equipamentos e gestão.

Ou seja, o cliente contrata um pacote fechado, com escopo e preço definidos.

Vantagens:

  • Praticidade: o cliente não precisa se envolver com compras, contratações ou controle de despesas.
  • Previsibilidade: o custo final da obra é conhecido desde o início (salvo imprevistos ou alterações de escopo).
  • Responsabilidade centralizada: o engenheiro responde por todo o processo.

Desvantagens:

  • Menor transparência: o cliente não vê detalhadamente o que está sendo gasto em cada item.
  • Margem de segurança embutida: para garantir o lucro, o contratado normalmente acrescenta uma margem sobre todos os custos estimados.
  • Menor flexibilidade: alterações no projeto ou acabamentos costumam gerar aditivos contratuais e custos extras.

Atenção aos impostos:

Na empreitada global, o valor total contratado está sujeito à tributação da nota fiscal emitida pela empresa, o que inclui ISS, PIS, COFINS e IR/CSLL. Mas os fornecedores e prestadores de serviço também já embutem seus próprios impostos nos preços. Isso gera uma possível bitributação, ou seja, o cliente paga imposto duas vezes sobre o mesmo item: primeiro na compra, depois na fatura da empreitada. Essa carga tributária pode aumentar o custo final da obra em 5% a 15%, dependendo da estrutura fiscal da empresa.


2. Administração Geral: transparência e economia no longo prazo

Na administração geral (também chamada de obra por administração), o engenheiro atua como gestor da obra. Ele organiza o planejamento, contrata fornecedores, acompanha a execução e presta contas ao cliente de todos os custos. Nesse modelo, o cliente paga diretamente o custo real da obra e a taxa de administração do engenheiro, previamente acordada (geralmente entre 10% e 15%).

Vantagens:

  • Maior transparência: o cliente acompanha todos os custos reais da obra, com notas fiscais, orçamentos e comprovantes.
  • Potencial de economia: como não há margem de segurança embutida, o custo pode ser mais baixo que na empreitada.
  • Mais flexibilidade: é possível mudar acabamentos ou fornecedores sem necessidade de aditivos.

Desvantagens:

  • Requer mais confiança: é fundamental que o engenheiro tenha experiência, boa comunicação e compromisso com os prazos.
  • Participação maior do cliente: em alguns casos, o cliente precisa acompanhar a obra mais de perto, especialmente se optar por fornecer materiais.

Vantagem tributária importante:
Na administração, os pagamentos são feitos diretamente pelo cliente aos fornecedores e prestadores de serviço. O engenheiro emite nota somente sobre sua taxa de administração. Isso evita a bitributação, tornando o modelo mais econômico do ponto de vista fiscal. Essa diferença pode representar uma economia significativa em obras maiores.


Qual modelo escolher?

Empreitada global é mais comum em obras menores, de curta duração ou para clientes que desejam delegar tudo sem se preocupar com o dia a dia da obra.

Administração geral é mais indicada para obras de médio e grande porte, onde a economia de escala e a transparência dos custos fazem muita diferença. Também é ideal para clientes que desejam participar mais das decisões e acompanhar de perto a execução.


Exemplo comparativo (valores hipotéticos):

Vamos imaginar uma obra cujo custo real (materiais + mão de obra) seja de R$ 500.000,00.

Empreitada Global

Nesse modelo, a construtora assume todos os custos e cobra uma margem de segurança + lucro de 20% a 25% sobre os R$ 500 mil. Além disso, emite uma nota fiscal com impostos entre 6% e 10% sobre o valor total da nota (que já inclui lucro, margem e insumos). Ou seja, o imposto é cobrado em cima de tudo — até dos materiais que já foram tributados antes.

Cálculo estimado:
ItemValor (R$)
Custo real (materiais + mão de obra)R$ 500.000,00
Margem de segurança + lucro (20% a 25%)R$ 100.000 a R$ 125.000
Subtotal antes dos impostosR$ 600.000 a R$ 625.000
Impostos (6% a 10%)R$ 36.000 a R$ 62.500
Custo total para o clienteR$ 636.000 a R$ 687.500

Importante: há possibilidade de bitributação, pois os materiais e serviços já são tributados individualmente e voltam a ser tributados na nota cheia da empreitada.


Administração Geral

Aqui, o cliente paga os custos reais (R$ 500 mil) diretamente aos fornecedores e funcionários, e a construtora cobra uma taxa de administração entre 10% e 15% sobre esse valor. Os impostos incidem apenas sobre essa taxa, e não sobre o valor total da obra.

Cálculo estimado:
ItemValor (R$)
Custo real (materiais + mão de obra)R$ 500.000,00
Taxa de administração (10% a 15%)R$ 50.000 a R$ 75.000
Impostos (6% a 10% sobre a taxa)R$ 3.000 a R$ 7.500
Custo total para o clienteR$ 553.000 a R$ 582.500

Não há bitributação. O cliente tem controle sobre cada etapa e pode economizar com decisões mais conscientes durante a execução da obra.


Conclusão:

Ambos os modelos são válidos e podem funcionar muito bem quando executados com profissionalismo. O mais importante é escolher um engenheiro com experiência na gestão de prazos, custos e qualidade da obra.

Na YJS Engenharia, trabalhamos com os dois modelos de contratação, sempre com foco em planejamento, transparência e excelência na execução. Ajudamos você a entender qual modelo se encaixa melhor na sua realidade e cuidamos da sua obra como se fosse nossa.

Quer conversar sobre seu projeto?
Fale com a gente e veja como podemos ajudar a transformar sua ideia em realidade, com segurança, economia e tranquilidade.

João Victor Yasutake

Engenheiro Formado pela UEL com 6 anos de experiência na maior construtora do sul do país.

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